quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Calor intenso, ar parado, mosquitos, o suor do corpo que molhava o lençol, apesar disso ela sonhava. Era uma fuga daquela noite quente e abafada. No sonho poderia estar em algum outro lugar, mais fresco. Ou no mesmo Rio de Janeiro, que em seu sonho poderia ser uma cidade temperada, com neve em pleno janeiro. Podia sonhar qualquer coisa, escapar da realidade. Mas não de si mesma. Em seus sonhos encontrava algo de seus desejos, todas as noites. Naquela noite de verão encontrava não o frio que poderia desejar acordada, mas o calor de um corpo que nem bem sabia que desejava. Ele estava lá, visitando-a no meio da madrugada, sem falar, apenas dirigindo a ela aqueles olhos onde um dia ela imaginou que poderia se perder. Deitando-se ao seu lado, tomando-a nos braços, percorrendo seu corpo com as suas mãos e seus lábios quando então o estrondo do trovão a acordou.
Chovia lá fora, estava menos quente e mais úmido. No quarto continuava sozinha e frustrada, sem ele. Como na música. Ou não, talvez ele fosse só um desejo seu. O homem real fora tão diferente daquele por quem se apaixonara que talvez tivesse vivido um sonho acordado por alguns meses. Até que o sonho se desfez, sem estrondo, com alguma chuva e tristeza. Como o verão que se vai nas chuvas de março, seu sonho de amor, quente, vibrante, alegre e sensual, digno de um verão tropical, se foi em meio às suas lágrimas, e as dele. O relacionamento acabara. Mas o sonho persistia em lhe visitar nas noites quentes de verão. Coisa desses desejos intrometidos que se esgueiram pela vida e tudo desorganizam, tal qual fadas em comédias medievais.
We are such stuff
as dreams are made on, and our little life
is rounded with a sleep.
William Shakespeare

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2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Ou às vezes, é a vida quem desorganiza e o sonho arruma? Começo de ano intenso!!

8 de janeiro de 2009 às 15:05  
Anonymous Anônimo disse...

lembra da peca de teatro q fomos ver no shopping .. nao lembro o nome? a minha primeira visita ao teatro no Rio foi Sheakspeare, com sonhos e no calor do verao... sempre me lembro de vcs!

13 de janeiro de 2009 às 12:24  

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